Cantar sempre foi uma das minhas brincadeiras preferidas. Até que há alguns meses a brincadeira passou a ser levada a sério quando comecei a fazer aula de técnica vocal. Sem dúvida, a paixão pela música, especialmente MPB, me levou a querer colocar em prática o sonho de cantar. E para cantar bem eu sabia que precisava estudar.
Mas cantar para quê?
Penso no canto como uma das formas mais fascinantes de expressão da arte. Gosto de analisar a letra, a melodia, os arranjos; tudo que envolve o que entendo como uma boa composição. Mas qual o valor de uma boa composição se não houver quem a cante com paixão, com alma? Ainda bem que quase sempre há. Então a interpretação que se dá a uma música deve ser realizada com entrega total.
Se se muda o mundo com a música, com a voz? Isso já é pretensão demasiada. O mundo é grande, ainda mais quando mal conseguimos dar conta daquilo que nos cerca. Porém, se ao cantar for possível tocar alguém tão profundamente a ponto de modificá-lo, enriquecê-lo enquanto pessoa, é o mesmo que atingir um mundo inteiro. É o mundo de alguém sendo transformado. É cumplicidade.
Estudo e canto primeiro para mim mesma. Preciso conhecer-me. Quero ser tocada profundamente pela minha paixão. Depois desejo que a minha "brincadeira" seja verdadeira a tal ponto de tocar o outro. Canto para emocionar alguém e retribuir por todas as emoções que já senti e sinto constantemente quando ouço músicas incríveis em interpretações plenas. Uma troca.
Assim sendo, sigo minha paixão. A cada aula de técnica vocal me sinto mais feliz com relação à minha escolha. Sei que ainda tenho muito para aprender e jamais quero ter a ousadia de dizer que já aprendi tudo. Isso, além de ser arrogante, simplesmente não existe. Aprimorar minha voz sempre é o que busco. Então canto para compreender-me e para que me compreendam melhor.
Canto para encantar-me, para poder encantar alguém.
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Carla Soares Corrêa
Professorahttp://verde-abacate.blogspot.
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